segunda-feira, 16 de abril de 2012

Mensalão: o crime político que não existiu

Como acreditar na versão de que os parlamentares integrantes do PT, partido que elegera o presidente da república após vinte anos fazendo oposição sistemática a todos os governos com os quais se deparou, fossem condicionar seus votos em matérias com as quais tinham total identidade política ao pagamento de uma mesada de seu próprio partido?

De fato isso não faz sentido, porque jamais ocorreu. O mensalão é o emblema de um crime que não chegou a ser praticado. A conclusão veio antes dos fatos, uma vez os atores interessados nessa versão já conheciam o enredo da trama de cor  e nunca foram denunciados. O PSDB tinha usado o mesmo método na eleição de Eduardo Azeredo para governador de Minas Gerais.

Para evitar uma derrota acachapante nas eleições gerais de 2006 a oposição recorreu à quadrilha de Carlinho Cachoeira, ligado a Demóstenes Torre, do então PFL de Goiás, para dar um flagrante no diretor dos Correios, Maurício Marinho, com a finalidade de irritar o então Presidente do PTB e Dep. Federal, Roberto Jefferson, e fazer com que ele denunciasse o esquema do PT.

Ocorre que a engenharia montado pela cúpula petista para se livrar das dívidas era outro e até aquele momento nenhum crime havia sido praticado. Delúbio Soares, tesoureiro do PT, falou a verdade no Jornal Nacional. Até aquela altura dos acontecimentos o que tinha acontecido era uma contravenção e não crime, uma vez que os valores repassados a lideranças locais do partido, por meio de ordens bancárias, para saudar dívidas de campanha não tinham sido contabilizadas e, portanto, não incluídas na prestação de contas à Justiça Eleitoral.

Na prática o esquema era simples. Atolada em dívidas, a direção do PT recorreu aos Bancos BMG e Safra a fim de tomar um empréstimo e quitar as dívidas remanescentes da campanha de 2004, dando como garantia a arrecadação dos filiados e tendo como avalista as empresas de Marcos Valério.

A versão comprada como verdade inquestionável pela grande imprensa, foi que os empréstimos eram uma fachada, que as parcelas seriam pagas pelo próprio Marcos Valério, com recurso desviados de contas publicitárias do próprio governo e de empresas estatais.

As investigações feitas pela CPI dos Correios, conhecida como CPI do Fim do Mundo, Polícia Federal e Ministério Público não comprovaram a cadeia dos fatos antecipada pela imprensa, ou seja, jamais se comprovou o desvio de dinheiro público para as contas de Marcos Valério, para ele pagar os tais empréstimos. A primeira suspeita era que os recurso teriam vindo da VisaNet, depois do Correio Noturno, depois do Governo Cubano e nada disso foi confirmado.

Não se apontou a origem do dinheiro simplesmente porque não houve entrada de dinheiro. A preocupação em conter o PT nas eleições de 2006, em que Lula acabou sendo reeleito, precipitou o escândalo, pegando o esquema ainda numa fase inicial, em que os crimes aludidos ainda não tinham sido cometidos.

O fato é que o tal mensalão jamais existiu, foi uma farsa montada pela oposição e assumida como verdade absoluta pela imprensa para desmoralizar o PT e o governo do presidente Lula. Apesar disso, o PT cresceu e se tornou o maior partido do país, tanto em número de voto como de deputados federais. Não só reelegeu Lula em 2006 como elegeu a primeira mulher presidente do Brasil em 2010. Enquanto isso, os partidos da oposição caminham a passos largos para a extinção. Será isso também culpa do PT?


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